Caiu por terra
A tese da defesa do ex-presidente do PR de que as investigações foram baseadas em delação premiada de Saud para a Lava Jato, tirando a competência da Justiça Eleitoral para julgar o caso, aceita por Tofolli, que suspendeu a ação até que fosse definida a quem caberia o trâmite do processo, não prosperou ao ser analisada pela Ministra Cármen Lucia, que determinou o seguimento da Ação Penal.
Para entender
Em depoimento ao 3º Juizado Especial Criminal de Brasília, o delator da Lava Jato Ricardo Saud falou sobre o pagamento de propina de 3 milhões a Garotinho, através de contrato fraudulento com Ocean Link, utilizando a tal famosa nota fiscal fria com logotipo da Prefeitura de Campos e com o nome de Garotinho manuscrito no alto, segundo o delator, escrito por ele mesmo.
Ainda segundo o executivo, dos 3 milhões exigidos, 2.6 milhões foram pagos no dia seguinte, surpreendendo até mesmos outros diretores da JBS. Logo após, Fabiano Alonso retornou e disse que “Garotinho estava nervoso e que eu sabia como ele era. Eu não sabia, mas liberei.”
A transação quase foi abortada quando a nota fiscal chegou e Saud verificou que o capital social da empresa era muito baixo para o valor, sugerindo o parcelamento do pagamento, mas sendo imediatamente interpelado por Fabiano Afonso que disse ter recebido uma bronca de Garotinho que exigiu o pagamento imediato.
Dando continuação ao seu depoimento, o delator disse que os serviços contratos a Ocean Link nunca foram executados e que nem a JBS tinha interesse nisso. O único objetivo era o repasse do dinheiro a Garotinho:
“A única coisa que pedi é que não fosse oficial. Não queria que fosse oficial que a gente estava dando 3 milhões para campanha de Garotinho numa eleição que a gente não tinha nada a ver. Segundo ele, as planilhas entregues comprovariam seu depoimento.
“Deca” também confirmou em depoimento repasse de 3 milhões da JBS para Garotinho
As acusações foram confirmadas em depoimento pelo empresário campista André Luiz da Silva Rodrigues, vulgo “Deca”, e também por Ricardo Saud, ex-executivo da JBS.
Segundo o MP, “Deca” usou a empresa de fachada Ocean Link, para intermediar R$ 3 milhões da JBS destinados a Garotinho.
São várias acusações de crimes graves
São bastante graves as acusações contra os réus, entre eles Rosinha e Garotinho: corrupção, concussão, participação em organização criminosa, falsidade na prestação das contas eleitorais, e utilização de comparsa armado para intimidar empresários para arrecadar dinheiro de propina para a campanha eleitoral de Garotinho ao Governo do Estado em 2014.
10% do valor das obras iriam para campanha política de Garotinho, com cobrador armado
Segundo depoimento prestado à Justiça, por outro empresário, 10% das obras contratadas pela prefeitura de Campos na gestão Rosinha seriam devolvidos para utilização em campanhas políticas de Garotinho.
Em seu relato a testemunha de acusação detalha a organização do esquema para direcionamento das obras em um sistema de rodízio ou de sorteio. Algumas obras seriam por indicação direta da Prefeitura, outras sorteadas, com participação de todas as empresas do sindicato. Logo após o faturamento, segundo o empresário, era iniciado um “processo” de cobrança via telefone e um cobrador armado ia buscar o dinheiro. Assista ao vídeo abaixo:
Rosinha e Garotinho na cadeia
Por conta das investigações da Operação Caixa D’Água, Garotinho e Rosinha foram presos em 22 novembro de 2017, sendo ela libertada em 29/11, e ele apenas em 21/12, após uma turbulenta temporada na cadeia.
Réus
Respondem a mesma Ação Penal, além dos notórios Garotinho e Rosinha, o advogado e ex-subsecretário de Governo, Thiago Godoy, o empresário Ney Flores Braga, o ex-secretário de Governo de Campos, Suledil Bernardino, o policial civil aposentado Antônio Carlos Ribeiro Da Silva, o “Toninho”, e seu o genro Fabiano Rosas Alonso. Todos eles anteriormente presos na Operação Caixa D’Água.
Origem do nome da Operação Caixa D’ Água
O nome da operação “Caixa D’Água” foi inspirado no relato de um empresário colaborador que relatou que o esquema de arrecadação para as campanhas eleitorais da Facção Rosa, de Garotinho e Rosinha, era centralizado cobrando recursos de vários empresários que mantinham relacionamento com o poder público nos mandatos de Rosinha. Depois que esses recursos eram centralizados, o próprio Garotinho decidia para quais candidatos esse recursos deveriam descentralizados. Funcionando como uma na caixa d’água, o esquema era abastecido e depois, por intermédio das suas ramificações ele abastecia outros candidatos.
Fonte: Jornal Online Somos Assim.
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